segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vinte anos depois...

Durante os jogos da Copa, resolvi fazer algo útil com meu tempo: revi um dos seriados mais épicos da história da televisão americana: "Anos Incríveis". Para que não conheceu, a série foi apresentada no Brasil no começo da década de noventa. Gravada entre 88 e 93, as seis temporadas foram narradas em primeira pessoa, tendo como personagem principal o adolescente Kevin Arnold dos 12 aos 17 anos. Morador do subúrbio americano, Kevin e seus amigos remontaram a transição das décadas de 60 e 70. Esse é o período que mais me fascina na história do século 20. Há quem goste da histórias das grandes guerras, eu prefiro as guerras frias.

Naquele momento histórico
John F. Kennedy estava sendo morto. O Vietnã estava sendo invadido. Homens estavam sendo mandados para o espaço. A economia dos Estados Unidos estava decolando com o financiamento de ditaduras militares de direita na América Latina. Enquanto isso, os americanos estavam preocupados em administrar o perigo soviético instalado a poucos quilômetros da Florida, em Cuba. E a televisão colorida chegava ao mercado.

O seriado trata disso? Não diretamente. E aí está a grande cartada dos produtores
Carol Black e Neal Marlens que preferiram explorar a adolescência dos personagens, seus conflitos e a dicotomia entre gerações sobrepostas. Algo estava acontecendo. E eu queria ter vivido naquela época.

"Anos Incríveis" refo
rçam minha ideia de que uma nação só estará pronta para entender seus contempor
âneos 20 anos depois. Não é à toa que o seriado "Todo Mundo Odeia o Cris", recém gravado, segue o mesmo modelo: tanto na narração em primeira pessoa e na adolescência dos seus herois, quanto na tentativa de remontar a geração anterior - as histórias de Cris e sua família se passaram no final da década de 80.

O problema conosco é que olhamos para a década de 90 e não vemos muita coisa além dos caras-pintadas. Mesmo assim, naquela tempo, sentíamos vergonha de não ter ideiais, estávamos bebendo o vinho barato do punk-grunge. Só. Acabou.

Perdemos, com isso, o espírito de uma época. As coisas boas do século 20 acabaram 20 anos antes do século 21. Como recordação, restou o casamento na igreja, a cafonice das festas de formatura e o conceito de Tradição, Família e Propriedade. Somos o fracasso de nós mesmos.

Em 2030, alguém poderá dizer algo da geração de adolescentes de hoje? Quem sabe algum seriado com o título "Anos Incabíveis"? Fico imaginando os dramas de uma geração que lê Crepúsculo, se identifica com "bi" e onde os vampiros pararam de morder pescoços para começarem a morder fronha.

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